domingo, 22 de maio de 2022

Opinião: Se não se pode falar em ressurreição sem cruz, tampouco novo piso sem luta em Salvador






Domingo é uma palavra de origem latina -"dies dominica" - e significa  Dia do Senhor. É considerado , para a maioria absoluta dos cristãos, o último dia da semana. Ou seja, o sétimo dia da semana, quando Deus  descansou da criação do mundo, substituindo o sábado dos judeus. Nele, os cristãos celebram a  ressurreição de Jesus Cristo. Portanto, todo domingo é uma páscoa atualizada.

A páscoa de Jesus é consequência direta do seu compromisso com a implantação do Reino de Deus. Reinado de justiça, perdão e amor, razão por que será condenado na cruz pelo sistema que alienava, explorava e marginalizava o povo: " O tempo se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Logo que saíram daí, os fariseus começaram a consultar os herodianos sobre Jesus para encontrarem algum modo de matá-lo" (Mc 1,15.3,6).

Os discípulos, por estarem presos a uma tradição de um messias glorioso - que viria para libertar Israel do jugo romano -, não admitiam que o Filho de Maria pudesse sofrer e passar pela cruz, pena de morte imposta a bandidos, escravos , rebeldes e contestadores do Estado. Jesus rechaça tal visão romântica e diz: " Se alguém quiser  seguir após mim, negue-se a si mesmo, carregue sua cruz e me siga" (Mc 8,34) sem romantismo nem espírito infantil, mas imbúido de esperançã e fé porque a cruz é caminho necessário para a ressurreição. Mas os discípulos são cabeça dura e insistem no ramantismo, por ísso Pedro recebe uma severa admoestação: "Vá para trás de mim, Satanás!

 Estaria Jesus sendo pessimista, negativo ao apontar aos seus seguidores as dificuldades que enfrentaria em Jerusalém, inclusive com possibilidade de morte?  Certamente, não, mas os Dose apóstolos só entenderiam  após a ressurreição, antes disso, estavam no caminho fácil da positividade e romantismo da dura realidade.

Em Salvador, o efeito da Emenda 120 sobre muitos agentes de saúde tornou-se uma espécie de anestesiante  bloqueiador da razão.a respeito da dureza dos gestores com os agentes de saúde, que compreende desde  ACM Neto até sua continuação, que é o prefeito Bruno Reis. A prefeitura deixa de ser a Jerusalém terrestre e transfigura-se na Jerusalém celeste que nunca existiu aqui. Há uma leitura distorcida da realidade que impede a análise do passado para compreender bem e melhor a situação atual dos trabalhadores.

Se alguém traz essa realidade à tona, logo é tachado de pessimista ou negativo, quando a realidade aponta justamente para outra compreensão. A Prefeitura de Salvdor é  histórica em descumprir leis, foi assim com  a Emenda 63 e sua consequente lei de regulamentação, a 12.994, que estabelece o Piso Nacional da categoria. Será assim com a EC120?

Vive-se num ano eleitoral, a pandemia virou endemia no Brasil, o presidente da Câmara de Salvador é oposição ao Executivo soteropolitano, e as Entidades Unificadas continuam com o mesmo discurso em torno das causas dos agentes. Além disso, o valor do vencimento ( ou novo piso) está na Constituição, não numa lei de regulamentação. Portanto, as circunstâncias apontam para desfecho favorável ao cumprimento da EC120. Mas isso está longe de ser o discurso romântico de que basta o dinehiro entrar nos cofres para Salvador pagar, até porque o gestor não afirmou isso.

O que resta, então, é  agregar forças em torno das Entidades Unificadas, confiar na sua competente atuação diante da dureza da Prefeitura de Salvador e lutar, lutar usando todos meios necessários (virtuais e presenciais) . É hora de abandonadar o vocabulário sentimentalista e promover o discurso realista provido de esperança e resiliência e abandonar o que desagrega e divide. É hora de apostar na vitória, mas com os pés fincados na realidade.





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