Sentar à mesa para negociar com o secretário de Gestão, Thiago Dantas, requer tática inteligente, conhecimento de causa das demandas dos agentes de saúde e uma dose extra de paciência. À categoria não concede nada que lhe é de direito, mas é ávida raposa para retirar direito ou diminuir poder aquisitivo de compra, como no caso da alíquota previdenciária aumentada de 11% para 14%. À frente da Gestão, os servidores ficaram mais pobres.
Fico a imaginar os desgastes físico, emocional e psicológico enfrentados pelas Entidades Unificadas, que com muita competência têm conduzido as negociações. Faz-se necessário apoiá-las para que redobrem as forças para enfrentar a intransigente Prefeitura de Salvador. Os servidores, sobretudo nas circunstâncias atuais, devem mirar seu canhão de insatisfações a quem lhe é devido: Bruno Reis e Thiago Dantas. A luta é justa e por direito dos trabalhadores.
Mas a luta não deveria ser espaço para destilar ódios, insinuações maldosas, ataques , "fake news" e disputa infantil pelo poder. Esse espírito é que guia a política federal cujo carro-chefe é um desequilibrado emocional e psicologicamente - o chamado bolsonarismo.
Há aqui, em Salvador, quem não tenha a maturidade emocional suficiente para discernir entre a saudável divergência de ideias, do contraditório, dos questionamentos com ataques pessoais - que não passam pelo crivo da verdade. São de lamentar as insinuações infundadas que pairam em determinados grupos do Whatsapp, alimentadas pelo espírito vingativo que beira o patológico. Atacar lideranças sem o devido fundamento é reproduzir a ideologia do patrão, é estar num processo de alienação.
Apesar disso, a luta deve continuar, seja na devida informação, seja na mesa de negociação, seja nas assembleias e mobilizações. Quem está na fronte de batalha precisa de força, de solidariedade, cuidado e incentivo para continuar guiando os agentes de saúde. Uma batalha por justiça não dispensa firmeza nem ternura. Enfrentar a Prefeitura de Salvador para que ela aplique a Emenda 120 na sua integralidade, sem tirar nenhuma gratificação, ultrassa o campo do financeiro, vai além dele porque deseja uma vida melhor, digna, na qual sonhos possam ser alcançados. Deseja-se o cuidado para com pessoas que, diuturnamente, colocam-se a cuidar de outras milhares de pessoas.
A esse processo chamo de amorização. O amor abre diálogo, compromete-se com a verdade, cria pontes, não possibilita que divergência vire palco de ódios, de mentiras nem de sentimenstalismo desenfreado. O amor é a plena realização humana. Realização que é composta de outras pequenas, dentre as quais está um vencimento digno e garantido por lei a todos os agentes de saúde. Amorizar a luta, portanto, é preciso.
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