sábado, 3 de agosto de 2019

Uma crítica que não ajuda a mobilização dos agentes de saúde

É mais que compreensível o alvoroço que toma conta dos agentes de combate às endemias ( ACEs) e agentes comunitários de saúde (ACSs) durante companha de reajuste salarial. No entanto, há comentários que, além de não se assentarem sobre a realidade, criam uma falsa compreensão do que seja a luta sindical, suas dificuldades e a resistência do gestor.

O servidor que critica suas lideranças por não ver os resultados imediatos de uma determinada campanha salarial expõe, de alguma forma, uma certa ingenuidade. "Não obtivemos reajuste porque o sindicato ou a associação fizeram corpo mole, não lutaram devidamente", pensa o insipiente. Ele deixa entrever que  as entidades representativas teriam o poder de caneta, de dar ou não concessão às reivindicações dos trabalhadores, quando, na verdade, é competência do gestor, no nosso caso, do prefeito ACM Neto.

Como consequência desse pensamento superficial, ouvem-se os mais absurdos e desrespeitosos comentários nas redes sociais, muitos dos quais beirando o delírio emotivo de quem se deixa arrastar pelos achismos. Não se trata, porém, de tentar cercear o direito que se tem da livre manifestação do pensamento, mas apenas de salientar que a reflexão acerca da luta sindical deve se preocupar com a realidade dos fatos, e não ser baseada no preconceito e nas ofensas infundadas contra os sindicalistas.

A categoria dos agentes de saúde deve compreender que faz parte de um quadro de servidores que conta com  mais de 20 mil trabalhadores. Não só isso, mas também compreender que Neto é um gestor duro e inflexível, há anos que não concede aumento salarial aos servidores. Além disso, faz-se necessário que os ACEs e ACSs participem ativamente das discussões salariais, bem como das demais demandas. Outro pensamento a ser superado é o de que existe uma associação e sindicato de um lado; do outro, agentes.  Só há associação e sindicato se houver classe trabalhadora. Em outras palavras, a entidade sindical ou associativa é composta por lideranças e liderados. Quando ocorrem falhas, todos compartilham do ônus; assim quando as reivindicações são conquistadas, todos se regozijam juntos.

Ou seja, falar mal de sindicato e associação é, de alguma forma, falar dos trabalhadores também. Se essas críticas são infundadas, agrava ainda mais o espírito de luta, uma vez que desmotiva os ACEs e ACSs. Ao invés de ajudar, prejudica.


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