domingo, 18 de agosto de 2019

O poder de quem tem a caneta na mão e a força sindical

Por mais óbvio que pareça - alguns diriam até tratar de um velho clichê -, quem reajusta salário é o patrão, o gestor, no nosso caso, o prefeito ACM Neto. É ele que determina se valorizará ou não seus servidores por meio de políticas que permitam boas condições de trabalho e, claro, uma remuneração que reconheça a importância das atividades realizadas pelos trabalhadores.

Durante campanha eleitoral , o então candidato Neto havia prometido que implantaria o piso salarial dos agentes de saúde, mas a promessa ficou apenas na promessa. No comando do Tomé de Souza, não cumpriu e ainda fez os agentes amargarem um longo período sem reajuste salarial; aliás, a situação continua a mesma até hoje. Para nosso consolo, a situação não fica restrita a nossa categoria, mas a todos os servidores.

Que ninguém afirme que foi por causa da falta de luta sindical, muito pelo contrário, houve luta e resistência, mas o prefeito mostrou toda  sua inflexibilidade e insensibilidade com as reivindicações e direitos das diversas categorias do município. Quem não se lembra do projeto de lei do Executivo enviado à Câmara de Vereadores que derrubava a obrigatoriedade da prefeitura em aplicar automaticamente a progressão de 5,5%, caso não fosse feita a avaliação de desempenho dos servidores? Pois é, quem tem a caneta na mão tem o poder de dar ou tirar; ACM Neto tira e não dá o que é de direito. O imbróglio da implantação do Piso Nacional exemplifica muito bem essa questão.

Desse modo, a argumentação de que "vocês do sindicato não têm poder  nem força, pois só sabem receber o nosso dinheiro todo mês e não fazem nada" não se fundamenta. Primeiro, a força do sindicato vem dos trabalhadores unidos, lutando e participando ativamente de mobilizações e assembleias. Sindicalizar-se é delegar representatividade, mas a luta é feita pela categoria junto com as lideranças sindicais. O trabalhador que não participa da vida sindical é culpado pela existência de representantes pelegos. Ou seja, sindicato são líderes e liderados caminhando unidos, irmanados ativamente na luta.

Segundo, a  união de trabalhadores é de fundamental importância para que reivindicações sejam atendidas. Tudo que um gestor deseja é uma categoria dividida. Isso porque fica enfraquecida, desmotivada e, consequentemente, sem forças para enfrentar o patrão. Imbuído dessa consciência, Enádio Careca lutou diuturnamente pela união das entidades representativas dos agentes de saúde de Salvador. O grito, antes no deserto, encontrou eco nos outros líderes.

Unidos, representantes e representados estão prontos para a luta; reuniram fôlego e força necessários para enfrentar a gestão e lhe apresentar as necessidades e os direitos negados à categoria. Estão prontos para a luta, mas não têm a garantia absoluta de que o que se pleiteia será conquistado; isso porque não possuem o poder da caneta na mão, mas possuem a tão temida força de pressão que uma categoria unida e consciente do seu poder de luta tem para lutar pelos seu direitos. Talvez o ideal não seja conquistado, mas, certamente, o possível será arrancado do gestor.

Sem essa compreensão, facilmente trabalhadores caem na tentação do discurso emotivo e fácil de que " o sindicato não faz nada", quando na verdade ele, que é o sindicato, não faz a luta.  Só há sindicato bom, se houver sindicalizados ativos e participativos da vida sindical. E só haverá sindicato ruim, pelego, se os trabalhadores se eximirem de assumir a vida sindical





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