A Periferia deseja uma Polícia humana, demasiadamente humana. Desejamos que combata a criminalidade, mas não forje resistências e confrontos para justificar as matanças de negros e de viciados em maconha e cocaína. A Periferia deseja uma Polícia que considere a vida como um valor quase absoluto. Desejamos que a Polícia não xingue as mães de família de "desgraças" e "putas", só porque tentam observar suas ações nas favelas que desconsideram os direitos humanos. Desejamos uma Polícia que não sequestre traficantes, exija resgate, mas, em posse da extorsão, execute o criminoso. A Periferia deseja uma Polícia que não invada as casas, os apartamentos e os casebres - sobretudo os casebres -, estuprando as mulheres e espancando os homens. Desejamos uma Polícia que não descaracterize a cena do crime para condenar um inocente. A Periferia não quer uma Polícia que sustente o discurso de que o tratamento dado aos bairros periféricos tem que ser diferente ao praticado nos bairros nobres, como que se na Periferia morassem seres humanos de segunda classe. Desejamos uma polícia que molde suas ações pela legalidade. A Periferia não odeia a Polícia, mas sente desprezo pelos policiais corruptos. Desejamos uma Polícia comprometida com valores. A Periferia não aceita uma Polícia do discurso falacioso e escamoteador nos meios de comunicação. Desejamos uma Polícia que não lance mão do medo para controlar e desrespeitar a favela. A Periferia não deseja uma Polícia que, ao abordar um negro, ninguém mais consiga vê-lo. O que desejamos ainda é uma utopia, mas a educação e a consciência cidadã da Periferia, primeiramente, nos levarão a perder o medo da Polícia, depois a denunciá-la. Enfim, um dia a Periferia vencerá a parte podre existente tanto na Polícia Militar quanto na Polícia Civil.
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