Fotos: Divulgação / GOVBA
Os servidores estaduais começaram o ano preocupados com o anúncio do governador Rui Costa de que não há previsão para reajustes salariais em 2016. Em dezembro, o gestor afirmou ter se reunido com os principais sindicatos para uma conversa “sincera”. "O reajuste de 2015 custou R$ 500 milhões, mesmo pago em duas vezes. Mesmo ruim, mesmo dividido custou R$ 500 milhões para o cidadão que paga tributo”, detalhou, ao explicar que a folha de pagamento do Estado deve aumentar cerca de 3% mesmo sem qualquer alteração nos salários base. O presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, classificou a fala do governador como “temerária”. “Até porque a lei estabelece que deve haver recomposição da inflação. Essa fala do governador é extremamente infeliz. O servidor não tem responsabilidade pela crise”, criticou Magalhães. Para ele, a falta de reajuste unida à PEC que alterou benefícios dados aos servidores pode provocar greves no futuro. “Isto pode culminar em paralisações. Já existe insatisfação pelas modificações feitas recentemente. Isso pode ampliar esse sentimento. [E] em nenhum momento fomos procurados pelo governador para conversar”, alertou o presidente. A mesma crítica foi feita pelo coordenador jurídico da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado da Bahia (Aspra), Fábio Brito. “A gente não esperava declarações nesse sentido. Porque inclusive é constitucional a reposição da inflação, ainda mais com o aumento do salário mínimo”, reforçou. Brito disse que os servidores foram “pegos de surpresa” e que devem buscar o poder judiciário para garantir os direitos. Mesmo assim, garantiu que não haverá nenhum tipo de paralisação neste ano. “A gente não pretende [fazer greve]. Essa hipótese, pelo menos da parte dos PMs, está descartada. Mas a Aspra vai manter o diálogo aberto. Nós não podemos ficar a ver navios”, defendeu.
A Federação dos Trabalhadores Públicos do Estado da Bahia (Fetrab) criticou não só o posicionamento do governo do Estado, mas também a forma como a informação foi divulgada. “Estranhamos que o governador fique dizendo essas coisas na imprensa e não nos chame para conversar. De 2013 para cá, a gente tem tido muito prejuízo. A reposição da inflação só aconteceu depois de muita zoada e mesmo assim dividido em dois porcentuais. [...] Não dá mais para a gente pagar pela crise”, resumiu a presidente da federação, Marinalva Nunes. Entre os líderes das principais categorias de servidores, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (APLB), Rui Oliveira, foi o que se mostrou mais cauteloso. “Temos um acordo assinado desde o governo [Jaques] Wagner que é o reajuste linear, mais a promoção. O governo tem cumprido e nós queremos que isso prevaleça. Mas não estou falando pelas outras categorias”, explicou. Segundo Oliveira, o acordo garante um aumento de 16%, ou seja, acima da inflação. Questionado como a categoria reagiria se o reajuste não fosse dado, o presidente tergiversou: “O governador nunca disse para a gente que não vai cumprir. Eu não tenho como falar isso. Aí você tem que perguntar isso para ele”.
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