Foto: Getty Images
O zika vírus passou por adaptações genéticas que o tornaram cada vez mais eficiente para infectar humanos, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Pasteur de Dacar (Senegal). De acordo com um dos autores do estudo, Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, a linhagem africana do vírus, identificada em meados do século 20, infectava principalmente macacos e mosquitos, causando pouquíssimos problemas para humanos. Mas, em sua jornada até o Pacífico, ele passou a "imitar" os genes que o corpo humano mais expressa, a fim de produzir em grande quantidade proteínas que esses genes codificam. Com esse processo, apelidado pelos cientistas de "humanização do vírus", a infecção ficou mais eficiente. "Um dos genes mais 'imitados' pelo zika vírus é o da proteína NS1, que tem o papel de modular a interação entre o vírus e o sistema imunológico dos humanos. A produção dessa proteína funciona como uma camuflagem para o vírus, desorientando completamente o sistema imunológico e facilitando a infecção", disse Zanotto. Para realizar o estudo, os cientistas analisaram dados de 17 sequenciamentos do genoma do vírus, depositados em um banco público de genes nos Estados Unidos. Os dados indicavam o ano e o local onde cada vírus foi isolado. Cruzando essas informações com análises feitas em estudos anteriores, foi possível rastrear o caminho percorrido pelas linhagens da África e da Ásia, além de determinar as alterações genéticas. Os resultados do estudo mostram que o processo de "humanização" do zika coincide com o primeiro surto registrado. "O zika saiu da África na segunda metade do século 20 e foi para a Ásia, onde não causou nenhum problema significativo em humanos. A linhagem asiática do vírus, no entanto, chegou à Micronésia, no Oceano Pacífico, no início deste século e causou o primeiro grande surto em humanos em 2007. O nosso estudo indica que, justamente a partir de 2007, o vírus apresentava as adaptações genéticas que tornaram a infecção mais eficaz", disse Zanotto.
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