A distração parece algo inerente ao nosso dia-a-dia. Os problemas da vida e o corre-corre nos deixam meio atônitos. Mas também os prazeres desmedidos e nossa vaidade contribuem para este estado de letargia. É característica da distração deixar que coisas ou pessoas passem despercebidas por nós. Quem vive distraído tem a tendência de viver desconectado com o que mais representa a essencialidade da existência humana. O discernimento das situações é muito superficial, as preocupações não permitem fazer esse processo.
O estado de vigilância, por outro lado, não faz os obstáculos e as dificuldades desaparecerem, mas possibilita uma conexão mais profunda do nosso existir com nossa Raiz. Obviamente que a perspectiva aqui é religiosa.
Estar vigilante significa está movido pela esperança e fé. As intempéries da vida são enfrentadas porque recebemos força da Fonte. Não somos pegos de surpresa porque vivemos com sobriedade e conectados com Deus.
Essa conexão faz com que nos solidarizemos com os irmãos. A maior distração é o descuido com quem precisa de nossa ajuda. Isso porque o outro é imagem e semelhança de Deus e presença do Cristo, sobretudo os pobres - os mais frágeis socialmente. O estado de vigilância fará com que ouçamos naquele dia: "Tive fome e vocês me deram de comer, tive sede e me deram de beber, era estrangeiro e me acolheram, estava doente e me visitaram, estava na cadeia e vieram me ver" (Mt 25,34-36).
A distração, de alguma forma, nos deixa presos a nossos problemas ou reféns de nosso egoísmo, mas a vigilância nos reconecta com Deus e nos leva a nos solidarizar com as necessidades dos mais pobres. Assim, não nos surpreenderemos com a vinda do Senhor, uma vez que o recebemos com frequência na pessoa do próximo.
Que o tempo do Advento desperte em nós a esperança em Deus e o reconhecimento de Jesus no irmão, sobretudo o mais sofrido.
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