quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Cristianismo chinfrim é o que revelam as críticas ao Especial de Natal Porta dos Fundos

Certamente Jesus não mantinha nenhuma relação homoafetiva, muito menos a Virgem Maria era chegada a uma cannabis - pelo menos nem as Escrituras, nem a Tradição da Igreja sustentariam tal hipótese. Por outro lado, se o Mestre vivesse no nosso tempo, não teria nenhum pudor em andar nas cracolândias brasileiras, na companhia de maconheiros e travestis. Jesus era um homem livre, não julgava ninguém pela aparência e se sentia à vontade no meio dos marginalizados e rejeitados sócio-econômica e religiosamente. Pôs abaixo as regras que respaldavam os preconceitos na sua sociedade. Numa certa feita, foi duro com seus detratores religiosos: "Os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar no Reino de Deus antes de vocês" ( Mt 21,31).

O objetivo maior do Filho de Maria era a implantação do Reinado de Deus, que tinha no amor o seu maior alicerce. "Eu dou a vocês um mandamento novo: Amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, que vocês se amem uns aos outros" ( Jo 13,34). Sua morte na cruz foi o resultado da resistência a esse projeto.

Por isso, chegam a ser escandalosas as enxurradas de críticas ao Especial de Natal Porta dos Fundos em parceria com a Netflix por retratar Jesus como homossexual feitas por religiosos que juram ser cristãos. Escandaloso porque expõe a ignorância dos que atacam, uma vez que desconhecem o que seja uma sátira - espécie de linguagem artística que faz do humor instrumento de críticas a instituições e comportamentos sociais, além de revelar como os gays e usuários de drogas são contumazmente marginalizados, condenados e desprezados na nossa sociedade.

Fazem da mensagem do Nazareno um amontoado de regras que só fazem alimentar preconceitos e discriminações. Desse modo, vão de encontro a tudo aquilo que Jesus vivia e ensinava. Transformaram o Evangelho em disangelho, ou seja, numa má notícia. A única coisa de positivo que conseguiram obter com suas raivosas reclamações foi o aumento exponencial da audiência do Especial na Netflix: já figura como a produção já mais vista nesse canal.

Portanto, não ha nada de cristão nesse levante todo, apenas traz à tona como o moralismo religioso ainda figura muito forte entre nós, patrocinando o mais rasteiro preconceito revestido de roupagem cristã. Trata-se de um cristianismo remando na direção contrária do seu inspirador, é chinfrim.



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