Compreensão maravilhosa esta de Deus comportar em si mesmo a diferença. Hoje, cristãos de todo o mundo celebram a Solenidade da Santíssima Trindade. Ou seja, Deus é uno, mas na sua essência se revela como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Pessoas que não podem ser confundidas, pois cada uma possui sua especificidade. Não se trata de três deuses, como a adição pode sugerir 1+1+1= 3, porém na unidade indissolúvel que a multiplicação pode fazer entender 1x1x1=1. Se Deus na sua essência são três pessoas diferentes, embora seja uno, isso explica a diversidade das obras de suas mãos. A riqueza múltipla da fauna e flora expressa bem isso. Os cristãos logo no início da Igreja perceberam esse mistério ao deixar de batizar apenas em nome de Jesus (cf. At 2,38) e realizar o ritual em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt cf.28,19).
"A Santíssima Trindade é a melhor comunidade", afirma Leonardo Boff. Nela, a diferença é acolhida, aceita e vivida em harmonia. Ser diferente não é o problema, mas a incapacidade de acolher a diversidade é que lança a convivência do ser humano no caos.
A homofobia, a intolerância religiosa e o racismo sustentam-se e alimentam-se da ideia de que o que for diferente é mal, é demoníaco. Busca-se, a todo custo, criar um mundo de "iguais", da mesma religião, da mesma posição política, da mesma orientação sexual... Por conseguinte, a violência contra a comunidade LGBT, contra os negros, contra as religiões de matriz africana, contra outros tantos tem presença constante nos noticiários.
Celebrar, hoje, a Solenidade da Santíssima Trindade deve nos levar a uma profunda reflexão sobre o comportamento que temos nos relacionamentos com as pessoas. Somos impositivos, respeitamos o direito delas serem diferentes? Temos consciência de que desrespeitar a diversidade humana é fonte de promoção de toda espécie de violência?
"Deus é amor", comunidade perfeita que abarca a diferença como sua própria essência nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A incapacidade de acolher a diferença nos distancia do próximo, promove guerras e prova que não vivemos nada da fé que se professa em um Deus Uno e Trino.
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