Parece-nos novela "Do vale a pena ver de novo". Pois é, nossas campanhas salariais, desde quando ACM Neto assumiu o Palácio Tomé de Souza, repetem-se ano após ano. O prefeito anuncia aos quatro ventos que uma Mesa de Negociação foi criada, apenas para dizer que não há verba, e o reajuste é de 0%. Fazem mobilizações, o gestor corta os dias paralisados e, o que era instrumento de luta passa a ser barganha do gestor para se encerrar uma greve. Os precipitados logo vão me acusar de ser desestimulador de mobilizações ou pessimista. Ledo engano!
Acredito que a união dos trabalhadores é de capital importância para que eles consigam conquistar os seus objetivos e assegurar a manutenção dos direitos adquiridos. Mas as mobilizações têm que levar em consideração o contexto político-econômico para fazer a devida reflexão acerca da possibilidade de conseguir ou não as demandas almejadas.
Em Salvador, a prefeitura vem com o velho e caduco argumento de que a arrecadação foi baixa, razão pela qual não tem condições de reajustar os vencimentos dos servidores. Nem o cumprimento da lei de progressão automática quer fazer cumprir - na verdade, quer tirar esse direito. A Gestão já anunciou que não haverá reajuste salarial nem aplicação dos 5,5% para os servidores da Saúde, exceto os agentes de saúde, que terão os 5,5% aplicados em setembro, mas o reajuste não virá também para eles. Essa categoria, ainda, deve ser contemplada com o plano de cargos e vencimentos (PCV), o que poderá significar um ganho qualitativo e quantitativo nos vencimentos.
O Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador (Sindseps) já começou suas mobilizações e promete dar início, no domingo, ao que eles chamam de greve fatiada, setorial e descontínua com a paralisação dos trabalhadores da Salvamar. A meu ver, essas mobilizações trazem consigo uma estratégia equivocada quando partem para o ataque pessoal por meio de xingamentos contra ACM Neto. Agir assim nunca sensibilizou o demista, muito pelo contrário, despertou sua ira e intransigência contra os trabalhadores.
Não há uma receita pronta para o agir sindical. A experiência da própria luta vai forjando uma estratégia cada vez mais eficaz para enfrentar o gestor. Não só isso, mas a experiência de quem já está na caminhada há tempo ajuda muito na superação de equívocos cometidos no desenrolar da ação sindical.
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