Não se pode falar em Ressurreição sem passar pela Paixão.
As pessoas padecem. O mundo padece. As doenças, o caos nos relacionamentos pessoais, o egoísmo, a escravidão diante dos maus pensamentos e das más emoções causam-nos sofrimentos; sofrimentos não só a nós mesmos, mas a quem estiver à nossa volta. As guerras, as disputas desumanas pelo poder, a fome imposta a milhares, a manipulação, as políticas injustas, o racismo, a homofobia, a violência, o preconceito , a discriminação, a morte. Isso tudo é a paixão por que passamos, tanto em escala pessoal quanto em escala mundial. Como disse São Paulo, "pois bem, sabemos que a criação inteira geme e sofre até agora com dores de parto" ( Rm 8,22).
Celebrar a Ressurreição de Jesus é reconhecer esta realidade, mas não se deter diante dela. De fato, a ressurreição é a vida transformada, não mais sujeita às vicissitudes da existência humana. Portanto, não mais refém do império da morte. Essa realidade é Jesus ressurreto.
Apesar disso, caminhamos na caducidade da existência: sofremos e morremos. Pior: tememos a morte e, muitas vezes, a impomos a outros, diluída nos ódios e, portanto, na falta da solidariedade, do perdão, da partilha e no desejo da destruição do próximo. É por causa disso que ainda vamos "procurar" Jesus no túmulo. A fé na ressurreição do Filho de Maria deve acender em nós a esperança de que a morte não dará mais a última palavra sobre a vida de nenhum ser humano nem da criação. Não iremos mais procurá-lo no túmulo frio e sem vida porque estará plenamente no coração de cada um de nós, gestando e alimentando nossa existência.
"Vocês procuram Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ressuscitou. Não está aqui" (Mc, 16,6).
Feliz Páscoa!
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