sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão ( Lc 21,33)



Na vida tudo passa, inclusive nós um dia passaremos. Aqui nada é eterno. A fluidez dos sentimentos, das situações e emoções nos da uma ideia disso. Hoje estamos alegres; amanhã, tristes. Hoje somos tomados pelas paixões; amanhã, pelas frustrações. Hoje gozando de saúde; amanhã acometidos pelas doenças. Hoje amando;depois odiando. Hoje trabalhando; amanhã perambulando. Nosso "hoje" é inconsistente.


A robustez da juventude de hoje esvai-se na degeneração do físico amanhã; a morte sela nossa existência aqui. Não há como fugir disso. Ela está no processo de passamento de tudo que existe. Mas será que algo resistirá?

Sim, pelo menos foi o que Jesus afirmou: "Minhas palavras não passarão". Lembro-me do Evangelho de São João, no qual o Mestre afirma: "Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como amei vocês" ( Jo 13,34). Ou seja, o que não passará é o amor.

Obviamente, o amor dito aqui não se restringe àquele alimentado nos "paredões" nem às músicas românticas que só atiçam os instintos; esses também passam. O amor do qual Jesus fala é o amor-ágape, que está na esfera do divino. A morte não consegue rompê-lo. São Paulo compreendeu muito bem isso ao dizer: " Nem a morte poderá nos separar do amor de Deus" (Rm 8,38-39).

Amar como Jesus amou vai além do gosto ou da simpatia que temos pelas pessoas ( mas não exclui isso). Posso amar alguém , mas não gostar dele nem nutrir simpatia. Mas o amor -ágape nos leva a desejar profundamente o seu bem e contribuir com isso. Ele nos convida a ir além das aparências e dos sentimentalismos. Impulsiona-nos a amar os inimigos. Só Deus ama plenamente assim, os santos chegam bem perto... E devemos caminhar nessa estrada de amorosidade. Quem ama assim, "nasceu de Deus e conhece a Deus" ( 1Jo 4,7).

Não importa se você seja católico, evangélico, candomblecista ou professe outra fé, ou não professe fé nenhuma , homem ou mulher, hétero ou homo, negro ou branco, pobre ou rico, o desafio será sempre o de amar.

Se amarmos assim, não passaremos; a morte será "o abraço do Senhor com esperança", como afirmou o Papa Francisco hoje em homilia na missa matutina na Casa Santa Marta.

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