Por Ubiraci Moraes
É ingenuidade pensar que o objetivo da Grande Mídia é a informação, antes, ela interpreta a realidade de acordo com o ponto de vista que defende para influenciar a opinião do leitor ou do ouvinte. Por trás de uma redação, de uma reportagem, sempre há um posicionamento político adotado, mas nunca revelado. Ou seja, quem escreve num jornal ou reporta uma matéria expõe a ideologia do grupo que representa. Dessa forma, a compreensão da realidade passa pelos filtros de interesses do meio de comunicação que veicula a notícia.
As entrevistas com os presidenciáveis no Jornal Nacional é um exemplo cabal disso. Quem assistiu a todas elas observou o tratamento seletivo dado pelos âncoras do JN, William Bonner e Renata Vasconcellos, aos candidatos. Cada um era tratado de acordo com aproximação ou distância ideológica dos interesses da emissora. As perguntas eram feitas de modo que pudessem favorecer ou prejudicar os entrevistados. Ou seja, pouco ou nada se questionava sobre o que realmente interessava aos ouvintes, que era o plano de governo.
A participação do candidato de Lula, Haddad, se destacou devido à violência com a qual foram feitas as perguntas. Várias foram as interrupções na fala dele, mas ainda assim conseguiu responder a tudo. Nada sobre a plataforma de governo foi perguntado, porém os casos de corrupção envolvendo o partido pululavam da boca dos entrevistadores, que tentavam, a todo custo, atrapalhar as respostas do candidato. O auge do constrangimento se deu quando o presidenciável afirmou que a emissora tratava os investigados como condenados, mas a própria Rede Globo é investigada, no entanto ele não a trata como condenada antes do trânsito em julgado.
Em outras palavras, a Globo tentou vender uma imagem desvaforável de Haddad para seus milhões de telespectadores, a fim de atender aos interesses da emissora. O plano não saiu conforme os scripts, pois o ungido de Lula não se deixou prender pelas armadilhas globais. Ao contrário, mostrou-se imperativo, respondeu às perguntas, denunciou a Globo como investigada, apesar das intervenções indevidas dos apresentadores. O melhor de tudo, tiveram que divulgar o avanço de Haddad na pesquisa de opinião realizada pelo Datafolha na qual aparece já em 2o. lugar, encomendada pelo próprio veículo de comunicação.
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