Por Ubiraci Moraes
Paralelamente ao ano civil – que se inicia em 1º. de janeiro e se finda
em 31 de dezembro -, há o Ano Litúrgico, que começa no 1º. Domingo do
Advento e se encerra na última semana do Tempo Comum com a celebração da
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. O Ano
Litúrgico rememora a História de Salvação centrada na pessoa de Jesus
Cristo e está dividido em ‘tempos litúrgicos”: Tempo do Advento, Tempo
do Natal, Tempo da Quaresma, Tempo Pascal e Tempo Comum.
Particularmente, tenho uma verdadeira veneração pelo Advento. Isso
porque é o período em que a esperança é bastante ressaltada. E de
esperança necessitamos muito, sobretudo porque somos acometidos por
tantos problemas, violência, corrupção, desrespeito aos direitos
humanos, preconceitos de toda espécie. O medo toma conta de nós. Por
consequência dessa realidade, somos tentados a mergulhar no pessimismo e
no “não tem mais jeito”. Mas eis que este momento litúrgico no aponta,
mais uma vez, a esperança.
Manter a esperança faz-se necessário
porque é o combustível que alimenta a vida, mesmo imersa em obstáculos e
dificuldades. Quem a cultiva não desiste de viver, antes, atravessa o
“vale da morte”, sabendo que encontrará verdes pastagens. Na história da
humanidade, sabe-se que quem sobreviveu foram justamente aqueles que
não perderam a esperança. Na caixa de Pandora, foi a única que
resistiu.
O mundo precisa acolher a esperança e lutar pela
construção de uma humanidade melhor, justa, fraterna e amorosa. Dessa
forma, cultivá-la não significa adotar uma postura de resignação e
passividade perante os problemas e desafios existenciais; antes, nos
impele a lutarmos pela construção dessa realidade nova, prenhe de vida
digna e saudável para todos. Realidade que começa a ser construída a
partir dos nossos pequenos gestos de acolhimento , da nossa
solidariedade a quem mais precisa, do perdão dado a quem nos magoou ou
ofendeu.
Utopia? Sim, mas no sentido de criar um lugar que ainda
não existe. O lugar da esperança fomentadora de vida plena para homens e
mulheres, para jovens e idosos. Tarefa difícil. Isso porque em nós
estão em guerra ferrenha o egoísmo e a solidariedade, o tânato e o eros,
o homem velho e o homem novo. Mas, se cultivarmos a esperança, os
sinais de morte não darão a última palavra. Quem poderia nos ajudar
nessa empreitada?
O Tempo do Advento indica a própria esperança
como força propulsora de vida nova, mas não se trata de qualquer
esperança. Trata-se de uma pessoa que, pela sua palavra e pelo seu gesto
carregado de amorosidade, mostrou ser possível essa utopia. Jesus é a
encarnação da Esperança. Nele, nada se perde, tudo se encontra e se
religa à Raiz. Seu projeto de vida encanta milhões e milhões de pessoas,
de toda raça, de toda crença e de todo lugar. O Tempo do Advento é,
portanto, a hora de preparar a “casa” para acolhê-lo, que vem no Natal,
no próximo e deve ir em nós, especialmente àqueles fragilizados,
desprezados e marginalizados, mas com os quais Ele se identifica. Jesus é
mais que uma questão de fé, é uma questão de humanidade. Sendo assim,
acolhamos a Esperança.
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