quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Pesquisadores descobrem anticorpo que consegue evitar infecção por zika

por Fábio de Castro | Estadão Conteúdo
Pesquisadores descobrem anticorpo que consegue evitar infecção por zika
Foto: PAHO / WHO
Um grupo de cientistas norte-americanos deu mais um passo no desenvolvimento de uma terapia para o tratamento de zika, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (24) na revista científica "Nature Communications". Os pesquisadores descobriram o mecanismo pelo qual um anticorpo humano chamado C10 consegue evitar a infecção pelo vírus em nível celular. Os cientistas já haviam identificado anteriormente que o anticorpo C10 reage com o vírus da dengue e, depois, descobriram que ele é um dos mais potentes para neutralizar a infecção por zika. No novo estudo, os pesquisadores deram um passo adiante ao determinar como o C10 é capaz de evitar que o zika infecte as células humanas. A pesquisa foi liderada por cientistas da Escola de Medicina Duke-NUS - instituição que reúne colaboradores da Universidade Duke (Estados Unidos) e da Universidade Nacional de Cingapura -, em parceria com pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (também dos EUA). Para infectar uma célula, o vírus se vale de partículas que atuam em dois estágios: encaixe e fusão. O desenvolvimento de terapias contra os vírus muitas vezes focam nesses dois estágios. Durante o encaixe, uma partícula do vírus identifica locais específicos na célula e adere a eles. No caso da infecção por zika, o estágio do encaixe permite que a célula deixe o vírus entrar através de um endossomo - um compartimento isolado do corpo celular. Proteínas na parte externa do vírus passam então por mudanças estruturais para se fundirem com a membrana do endossomo, liberando assim o código genético do vírus no interior da célula e completando o estágio de fusão da infecção. Utilizando um método chamado microscopia crioeletrônica - que permite a visualização de partículas extremamente pequenas e de suas interações - os cientistas observaram o anticorpo C10 interagindo com o vírus em diferentes níveis de pH, imitando os diferentes ambientes nos quais o vírus e o anticorpo se encontram durante a infecção. Os pesquisadores demonstraram que o C10 se liga à proteína principal que forma a membrana externa do vírus - independentemente do pH - e trava a movimentação dessas proteínas, impedindo que elas passem pelas mudanças estruturais necessárias para o estágio de fusão da infecção. Sem a fusão do vírus com o endossomo, o código genético viral não consegue entrar na célula e a infecção é evitada.
 
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