Outro dia fiz uma comparação entre Lacerda e Aécio.
Lacerda sempre conspirou contra a democracia, e acabou indo para a história com o apelido de Corvo, dado por Samuel Wainer.
Sugeri que Aécio passe para a história como o Abutre, pelo mal que ele vem fazendo à democracia. Ele é a prova dos riscos que maus perdedores trazem às instituições.
Desde o primeiro dia de sua derrota ele vive sabotando a democracia com argumentos esdrúxulos, substituídos sem cerimônia assim que se revelam risíveis.
O protesto deste domingo 13 de março trouxe mais um ponto de contato entre Lacerda e Aécio. Foi sem dúvida o ponto alto, se é que é possível usar tal expressão, na manifestação.
Aécio conseguiu ser vaiado na Paulista. Foi chamado de vagabundo, corrupto e oportunista. Um manifestante disse: “Se ele pensa que tudo vai cair no seu colo está enganado.”
Ora, ora, ora.
Também Lacerda imaginava que tudo iria cair no seu colo depois que os militares derrubaram Jango em 1964, com sua contribuição milionária.
Ele dava como certo vancer as eleições presidenciais pós-golpe. Como governador da Guanabara, era o único grande nome que estava no páreo. Juscelino fora cassado, Jânio estava desmoralizado: a presidência estava praticamente em suas mãos.
Praticamente.
Porque os militares gostaram. Lacerda se desesperou. Chegou a dizer que o general Castelo Branco era ainda mais feio por dentro do que por fora. Acabaria sendo cassado.
A presidência não caiu no seu colo.
As vaias a Aécio num protesto do qual ele pretendia ser um grande líder têm significado parecido. Sou obrigado aqui a repetir um manifestante citado acima. Se Aécio pensa que a presidência vai cair no seu colo, está enganado.
Aécio aprendeu hoje que ele é rejeitado, desprezado pelos que pedem o impeachment. Os ídolos são Moro e Bolsonaro.
É verdade que os manifestantes são tolos e manipulados em sua imensa maioria. Mas mesmo cegos uma hora enxergam a hipocrisia ululante de alguém que várias vezes citado em casos de corrupção, e com um passivo sinistro de delinquências, se atreve a liderar uma “marcha contra a corrupção”.
Pode-se dizer que este domingo representa um marco negativamente poderoso na carreira de Aécio. A pancada pode ter sido definitiva.
A classe média ignara que bate panelas e veste camisa da CBF em protestos não respeita Aécio. Os progressistas que se batem pela democracia o abominam.
Sobrou o que para ele?
O apoio da Globo, é verdade. Agora: o mesmo mal que se abate sobre Aécio alcança a Globo. Ela é, merecidamente, rejeitada pelos dois lados em que se divide a sociedade.
No fundo, o que ela quer, como Aécio agora e Lacerda no passado, é que tudo caia no seu colo. Um governo amigo – Aécio, por exemplo – representa a permanência dos privilégios e mamatas indecentes de que ela sempre viveu.
Publicidade bilionária a despeito de audiências cadentes, acesso ilimitado a bancos públicos – este tipo de coisa que Roberto Marinho chamava na época da ditadura de “favores especiais” a que julgava fazer jus por apoiar os generais.
O Brasil parece ter se cansado enfim da Globo.
Nem ela, com todas as mídias que possui e que usa acintosamente na defesa de seus interesses, será capaz de erguer o amigo Aécio, o Abutre.
Aécio aprendeu hoje que ele é rejeitado, desprezado pelos que pedem o impeachment. Os ídolos são Moro e Bolsonaro.
É verdade que os manifestantes são tolos e manipulados em sua imensa maioria. Mas mesmo cegos uma hora enxergam a hipocrisia ululante de alguém que várias vezes citado em casos de corrupção, e com um passivo sinistro de delinquências, se atreve a liderar uma “marcha contra a corrupção”.
Pode-se dizer que este domingo representa um marco negativamente poderoso na carreira de Aécio. A pancada pode ter sido definitiva.
A classe média ignara que bate panelas e veste camisa da CBF em protestos não respeita Aécio. Os progressistas que se batem pela democracia o abominam.
Sobrou o que para ele?
O apoio da Globo, é verdade. Agora: o mesmo mal que se abate sobre Aécio alcança a Globo. Ela é, merecidamente, rejeitada pelos dois lados em que se divide a sociedade.
No fundo, o que ela quer, como Aécio agora e Lacerda no passado, é que tudo caia no seu colo. Um governo amigo – Aécio, por exemplo – representa a permanência dos privilégios e mamatas indecentes de que ela sempre viveu.
Publicidade bilionária a despeito de audiências cadentes, acesso ilimitado a bancos públicos – este tipo de coisa que Roberto Marinho chamava na época da ditadura de “favores especiais” a que julgava fazer jus por apoiar os generais.
O Brasil parece ter se cansado enfim da Globo.
Nem ela, com todas as mídias que possui e que usa acintosamente na defesa de seus interesses, será capaz de erguer o amigo Aécio, o Abutre.
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