Foto: Divulgação / NEV
Dois ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso criticaram a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor à Polícia Federal nesta sexta-feira (4). Dentre eles, o jurista José Gregori, secretário de Direitos Humanos entre 1997 e 2000 e Ministro da Justiça em 2000 e 2001, considerou a ação um ‘exagero’ e que o ato só deveria ocorrer em caso da pessoa já tiver previamente se recusado a atender uma convocação de depoimento. "Não conheço na nossa legislação a figura da condução coercitiva sem que tenha havido antes a convocação. A praxe tem sido sempre essa: você convida a pessoa a comparecer e, se ela não comparecer, então na segunda vez vem a advertência de que ela poderá ser conduzida coercitivamente. Você (fazer) logo a condução coercitiva é um exagero. E na realidade o que parece é que esse juiz (Sergio Moro) queria era prender o Lula. Não teve a ousadia de fazê-lo e saiu pela tangente", afirmou em entrevista ao site da BBC Brasil. Além dele, Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas, acredita em ‘desvio de conduta’ na decisão. "Acho que buscas e apreensões são atividades normais em investigação. Agora, o que eu eu estranho, como jurista, é a condução coercitiva do Lula. É algo surpreendente e preocupante. Essa vergonha está acontecendo no país é uma coisa que precisa ser apurada, mas me preocupa quando tem um desvio de legalidade", salientou. Na entrevista, os dois juristas também criticaram os vazamentos de documentos sigilosos da Lava Jato. "Tendo em vista a importância que está tendo na conjuntura nacional, essas investigações precisam dar uma prova diária de equilíbrio, de isenção. Então, não pode haver nenhum tipo de tolerância com o que não seja rigorosamente ortodoxo, rigorosamente equilibrado, rigorosamente dentro da lei", disse Gregori.
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