domingo, 29 de novembro de 2015

Advento: tempo de esperança





Mas  esperança de quê? E em quê? Se o que nos cerca são sinais de violência e de morte! Os atentados na França, nos países da Àfrica e a tragédia em Minas Gerais vitimaram centenas de pessoas, deixando-nos angustiados e profundamente comovidos. Rascunhando este texto, lembro-me ainda dos recentíssimos assassinatos ocorridos na comunidade em que moro, que vitimaram pessoas no auge da vida – dentre elas havia um adolescente de 14 anos. Desse modo, falta-nos esperança e sobra-nos sofrimento. Apesar disso, aqui ou acolá, sempre surge algo ou alguém nos falando dessa tal de esperança.

A esperança surge, então, como uma possibilidade de se crer numa realidade diferente da que está se vivendo. Impulsiona-nos a caminhar para frente. É capaz de agregar esforços e energias para a construção dessa realidade ainda não existente. Entendida assim, a esperança é utópica. Que caminho percorrer para manter a chama dessa esperança viva?

Certamente, precisamos mudar o rumo que tomamos. É preciso mudar de direção. Se a violência assola a nossa sociedade, é porque há quem a pratique e a sustente. Sou eu, é você, somos todos responsáveis por ela. Se a construímos, podemos desconstruí-la. Dessa forma, a esperança está estritamente ligada à conversão, isto é, a mudança de atitudes , “é uma revolução no modo de pensar  e de agir”.

Por isso que costumo, a todo ano, afirmar que o Advento é o tempo da esperança. Com ele, a Igreja Católica inicia mais um  Ano Litúrgico. Prepara-se para celebrar o nascimento de Jesus, o portador da esperança por excelência.

A mensagem de Jesus é toda recheada pela e de esperança. Ele afirma que é possível mudar a realidade que aí está, mas é preciso que todos nós tomemos consciência e mudemos o rumo que demos a nossa vida. Portanto, é preciso se converter. Que não se entenda por conversão o sentido proselitista que dão a ela. Não se trata de entrar nessa ou naquela instituição religiosa. Antes, trata-se de assumir algo que é essencial em todo ser humano: permitir-se à mudança.

No entanto, a mudança apontada pelo Mestre é aquela que nos impulsiona a construir uma realidade na qual prevaleça entre os homens e as mulheres a solidariedade, o perdão e , sobretudo, o amor. Tremendo desafio! Se o caos toma conta das nossas relações, é porque a mensagem dele não é vivida.

Portanto, viver bem o Advento é deixar-se tocar pela esperança e pela conversão.É ser portador da esperança. Só assim teremos razões para celebrar o Natal, o nascimento de Jesus Cristo.
Ubiraci Moraes é ACE, professor e editor do Blog Bira - Agente de saúde
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