Mas esperança de quê? E em quê? Se o que nos
cerca são sinais de violência e de morte! Os atentados na França, nos países da
Àfrica e a tragédia em Minas Gerais vitimaram centenas de pessoas, deixando-nos
angustiados e profundamente comovidos. Rascunhando este texto, lembro-me ainda
dos recentíssimos assassinatos ocorridos na comunidade em que moro, que
vitimaram pessoas no auge da vida – dentre elas havia um adolescente de 14
anos. Desse modo, falta-nos esperança e sobra-nos sofrimento. Apesar disso,
aqui ou acolá, sempre surge algo ou alguém nos falando dessa tal de esperança.
A
esperança surge, então, como uma possibilidade de se crer numa realidade
diferente da que está se vivendo. Impulsiona-nos a caminhar para frente. É
capaz de agregar esforços e energias para a construção dessa realidade ainda
não existente. Entendida assim, a esperança é utópica. Que caminho percorrer
para manter a chama dessa esperança viva?
Certamente,
precisamos mudar o rumo que tomamos. É preciso mudar de direção. Se a violência
assola a nossa sociedade, é porque há quem a pratique e a sustente. Sou eu, é
você, somos todos responsáveis por ela. Se a construímos, podemos desconstruí-la.
Dessa forma, a esperança está estritamente ligada à conversão, isto é, a mudança
de atitudes , “é uma revolução no modo de pensar e de agir”.
Por
isso que costumo, a todo ano, afirmar que o Advento é o tempo da esperança. Com
ele, a Igreja Católica inicia mais um Ano Litúrgico. Prepara-se para celebrar o
nascimento de Jesus, o portador da esperança por excelência.
A
mensagem de Jesus é toda recheada pela e de esperança. Ele afirma que é
possível mudar a realidade que aí está, mas é preciso que todos nós tomemos
consciência e mudemos o rumo que demos a nossa vida. Portanto, é preciso se
converter. Que não se entenda por conversão o sentido proselitista que dão a
ela. Não se trata de entrar nessa ou naquela instituição religiosa. Antes,
trata-se de assumir algo que é essencial em todo ser humano: permitir-se à
mudança.
No
entanto, a mudança apontada pelo Mestre é aquela que nos impulsiona a construir
uma realidade na qual prevaleça entre os homens e as mulheres a solidariedade,
o perdão e , sobretudo, o amor. Tremendo desafio! Se o caos toma conta das
nossas relações, é porque a mensagem dele não é vivida.
Portanto,
viver bem o Advento é deixar-se tocar pela esperança e pela conversão.É ser
portador da esperança. Só assim teremos razões para celebrar o Natal, o
nascimento de Jesus Cristo.
Ubiraci Moraes é ACE, professor e editor do Blog Bira - Agente de saúde
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