A campanha empreendida contra Dilma
Rousseff está custando fortunas. Essa grana toda está sendo gasta em
sofisticadas peças de áudio, vídeo e imagem, espalhadas aos milhares
diária e incessantemente na internet, e na logística para o ato do
próximo dia 15. As vaias que a presidente recebeu em São Paulo nesta
terça-feira dão uma pista sobre quem paga.
Um leitor do Piauí, por exemplo, enviou ao Blog imagens dos kits anti
Dilma que estão chegando ao seu Estado aos milhares, via correio,
vindos de São Paulo – o que não chega a surpreender.
Note o leitor que panfletos, adesivos para carro, camisetas, bonés
etc. chegam até os mais distantes pontos do país. Há o custo de produção
dos kits, o custo do frete, o custo com distribuição local etc.
Tudo isso – e muito mais – custa dinheiro.
A orquestração via Whats Appp ou Facebook também custa dinheiro.
Aliás, no FB textos, vídeos, posts e memes contra a presidente são
“patrocinados”, ou seja, quem os produz paga àquela rede social para
“promovê-los”.
Aquela página de revoltados com a vida e com Dilma, em vez de
oferecer tratamento psicológico para seus frequentadores, gasta fortunas
com promoção de suas postagens.
Para quem não conhece, veja, abaixo, como se consegue milhares de curtidas no FB.
Aliás, nada contra “patrocinar” conteúdo jornalístico para que seja
mais lido. Muitos fazem isso, à direita e à esquerda. A maioria dos
sites jornalísticos recorre a esse investimento. O problema é quem paga
por isso, porque é bastante caro.
Recentemente, uma amiga cineasta me disse que a promoção de postagem
que fez no FB de seu trabalho lhe custou mais de 500 reais. Agora veja
quantas postagens patrocinadas têm essas páginas de “revoltados” por dia
e faça a conta de quanto gastam em um mês.
De onde vem esse dinheiro? Estamos falando de milhões de reais, para
uma campanha desse tamanho. Inclusive, o ato anti Dilma do próximo dia
15 terá caravanas vindo de cidades próximas às capitais. Farto material
de som ou publicitários será distribuído.
Uma outra leitora envia mensagem com informações que dão uma bela ideia de quem está pagando pela festa golpista.
Eduardo,
boa tarde.
Tenho ficado preocupada com a hostilidade contra a Dilma e o PT.
O movimento Vem Pra Rua, segundo a carta capital vem sendo financiada pelos empresários.
Alguns amigos meus disseram que
seus patrões estão fazendo de tudo para convocar os funcionários para a
manifestação de 15/03. O mesmo aconteceu na empresa na qual trabalho, e
minha irmã disse que a mesma coisa aconteceu na empresa na qual ela
trabalha.
Essa pessoa disse que a Dilma não
vai continuar no poder. Os empresários estão articulados e estão
coagindo os funcionários a irem às ruas contra o PT e Dilma. São e-mails
do patrão com a capa da Veja circulando nos e-mails, são mensagens no
celular, Whats App…
Isso vem acontecendo desde antes
da eleição e foi por isso que ela [Dilma] quase perdeu, porque os
patrões estão jogando tudo e coagindo os funcionários.
Coadunando-se com essa narrativa, as vaias que Dilma recebeu nesta terça-feira ao visitar o pavilhão de feiras do Anhembi, em São Paulo, aos gritos de “vaca” e “vagabuna”. Para quem não viu, o vídeo com as agressões.
O pavilhão de exposições é velho conhecido deste blogueiro. Em sua
atuação comercial, participou de inúmeras feiras. Quem vaiou foram os
funcionários que preparavam os estandes para a feira. Eu mesmo já
participei dessas montagens.
Quem leu na internet que trabalhadores que montavam os estandes
vaiaram Dilma pode pensar que são “peões” de macacão com martelos em
punho que apuparam a presidente da República, mas não foi nada disso.
Como se vê no vídeo, são profissionais de vendas e seus patrões, ou seja, pessoas da classe média paulistana que votaram em Aécio Neves.
Ao contrário do que a mídia e a oposição tentam fazer crer não é quem
votou em Dilma Rousseff que a está vaiando, são os que votaram no
adversário dela em 26 de outubro do ano passado.
O eleitorado de Dilma, em parte, ficou descontente com medidas de
ajuste fiscal ou com nomeação de ministros oriundos “do lado de lá”.
Essas pessoas, irritadas, disseram ao Datafolha, ao fim de janeiro, seu descontentamento.
Conversava na segunda-feira com um blogueiro importante que está
insatisfeito e ele me disse que se fosse entrevistado pelo Datafolha no
mês de janeiro, avaliaria Dilma como “regular”. Conheço eleitores dela
que, no janeiro fatídico em que sua popularidade despencou, no auge da
irritação chegariam a classificá-la como ruim ou péssima.
Isso não significa que essas pessoas tenham mudado de opinião, que
estejam dispostas a votar no PSDB ou que tivessem coragem de chamá-la de
“vadia” ou “vagabunda”. Quem faz isso é quem já não gostava dela antes
de se reeleger.
Todos se lembram de como Dilma foi vaiada diversas vezes nos novos
estádios de futebol e até em outras partes antes de a campanha eleitoral
começar, de quem eram os xingadores e de como a mera hipótese de o PSDB
voltar ao poder, pouco depois, fez com que milhões votassem na
presidente apesar de estarem insatisfeitos com ela.
Para entender o fenômeno, basta pegar uma das muitas análises de rede
que há por aí para verificar que a hegemonia política dos anti Dilma
viscerais está longe de se concretizar. Por exemplo, a do analista Fábio Malini, via Facebook, sobre redes sociais, que é bastante interessante.
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