sábado, 14 de março de 2015

Defesa da reforma política leva milhares à avenida Paulista

Ato convocado pela CUT e apoiado pelo MST reuniu, segundo organizadores, 100 mil participantes; PM fala em 12 mil
Reprodução
13 de Março
A manifestação dos movimentos sociais ganhou corpo a partir das 15 horas

O ato do dia 13 de Março liderado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e apoiado por diversos outros movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), ambos próximos ao governo, se reuniu em frente ao prédio da Petrobras, na Avenida Paulista, 901, em São Paulo, enquanto o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp) se reunia no vão do Masp. Ambos os movimentos se reuniram antecipadamente, às 13 horas, a fim de evitar um encontro com protesto convocado para as 15 horas pelo grupo pró-impeachment Revoltados Online.
Pontualmente às 15 horas, o grupo pró-impeachment contava com menos de dez integrantes, aqui incluído o líder Marcello Reis, que se recusou a dar entrevistas a CartaCapital. Efetivamente, o protesto do grupo Revoltados Online começou às 17h30, após o ato dos movimentos sociais, e reuniu apenas 50 pessoas diante do prédio da Petrobras durante 30 minutos. Durante sua fala, o organizador Marcello Reis espalhou o boato de que o governo federal pagou 35 reais para os manifestantes. A verdade, segundo a CUT, é que os responsáveis por segurar os balões de ar do movimento foram pagos pela entidade.
Sob forte chuva, Reis afirmou que seus colegas "não são de açúcar", mas que o evento era "apenas para marcar presença". Por isso, após breves 30 minutos, o ato acabou, prometendo voltar a ocupar a avenida Paulista no domingo 15.
Com pouco menos de mil pessoas reunidas no começo da tarde, a manifestação dos movimentos sociais ganhou corpo a partir das 15 horas, quando participantes começaram a marchar em direção ao Masp para se encontrar com os professores. A PM estima ao menos 12 mil pessoas presentes. Os organizadores, 100 mil.
As pautas dos movimentos são a defesa dos direitos dos trabalhadores, a defesa da democracia e o repúdio ao impeachment, contra a privatização da Petrobras e a punição dos corruptos juntamente de uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial de campanha.
“A CUT e os movimentos estão habituados a construir suas reivindicações nas ruas, e o faremos sempre que a democracia estiver em perigo. Sempre que houver aqueles que não aceitam a vontade da maioria, nós estaremos nas ruas fazendo enfrentamento pelos nossos direitos“, disse Vagner Freitas, presidente da entidade, que disse que este é apenas o primeiro de outros atos.
Segundo ele, o movimento social saiu às ruas para apoiar a presidenta Dilma Rousseff e pressionar pelos direitos dos trabalhadores. “Ela precisa de aliança com os movimentos sociais, operários, trabalhadores”, disse. “Ela tem as dificuldades de um governo muito heterogêneo, um congresso conservador, e que fica impulsionando a presidenta a tomar medidas impopulares, que não condizem com o discurso com que ela se elegeu”, completa.
Para Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, a manifestação de rua é um importante espaço democrático para pressionar por mudanças. “É só o povo nas ruas que conseguirá (as mudanças), não adianta trabalharmos em uma lógica de militarização porque isso não tem mais espaço no Brasil”, disse. “Queremos fazer essa articulação política com os movimentos sociais para impor uma agenda pela reforma política, pela reforma agrária e urbana, contra o ajuste fiscal e contra a perda de direitos”, explicou.
Segundo ele, o movimento pró-impeachment carece de apelo popular ainda e não merece ser discutido por enquanto.

Carta Capital

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