Domingo, dia 25, cristãos de todo mundo festejam a Solenidade de Cristo, Rei do Universo. Essa celebração marca o final do Ano Litúrgico, um calendário religioso no qual a Igreja celebra toda ação amorosa que Jesus fez em favor dos homens e das mulheres. O título de rei foi um reconhecimento dos seus primeiros seguidores em perceber no Filho de Maria um exemplo de liderança monárquica, que encarnava bem a ideia já conhecida da tradição bíblica e de Israel sobre rei. Se tivesse nascido hoje, certamente levaria o título de presidente ou primeiro - ministro. Mas, não se engane, porque o Nazareno subverte a compreensão desse título e até causa escândalo por conta disso.
Se se esperava um rei à moda davídica, que, governaria pela imposição da força : "Pede , e eu te darei as nações como herança, os confins da terra como propriedade. Tu a governarás com um cetro de ferro, como um vaso de oleiro as desperdiçarás" ( Sl 2,8-9), Jesus se apresentou humilde, montado num jumentinho: "Levaram a Jesus o jumentinho, sobre o qual puseram suas vestes. E ele o montou. Os que iam à frente dele e o seguiam clamavam: 'Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino que vem, do nosso pai Davi!" ( Mc 11,7.9-10). Jesus, assim, quebrou as expectativas e ainda alertou os discípulos sobre a forma de exercerem o poder. "Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam , e os seus grandes a tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos" ( Mc 10,42-44).
Ou seja, o Mestre propõe o poder como serviço humilde ao próximo, sobretudo aqueles mais necessitados e desassistidos pela sociedade. "Pois estive com fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso, e vistes ver-me" (Mt 25,35-36). Desse modo, o problema não está no poder, mas na forma como ele está sendo gerenciado: Contra ou a favor do povo? Serviço ou Exploração? Nenhum governo pode respaldar sua tirania ou desprezo pelos necessitados se respaldando nos ensinamentos de Jesus.
Recentemente passamos por uma eleição presidencial turbulenta e eivada por notícias falsas ( os chamados fake news) patrocinadas por empresários que apoiavam o candidato da Extrema Direita, Jair Messias Bolsonaro, contra o candidato da Esquerda, Fernando Haddad. Bolsonaro, apesar das acusações de falcatruas eleitorais, venceu o pleito, mas terá uma ação por abuso de poder econômico, movida por Hadadad no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), julgada no dia 4 de dezembro.
O mais escandaloso desse processo é o fato de Bolsonaro ter declarado publicamente apoio à tortura, ter afirmado que "bandido bom é bandido morto", além de declarações vexatórias contra gays, mulheres e negros, e ainda se dizer seguidor dos princípios cristãos. Nesse mesmo escândalo se lameiaram milhões de evangélicos que votaram nele. Traíram o Evangelho, não compreendendo nada dos ensinamentos de Jesus sobre o poder.
O presidente eleito ainda não tomou posse, mas demonstra, pelos ministros que já escolheu, que os interesses dos pobres serão preteridos em favor dos objetivos dos grandes empresários; Bolsonaro se curva aos ditames interesseiros do mercado. Seu programa de governo é diametralmente oposto ao que a Solenidade de Cristo, Rei do Universo, vem propor.
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