domingo, 7 de junho de 2020

Santíssima Trindade: unidade na diversidade





Hoje a Igreja Católica celebra a Solenidade da Santíssima Trindade. Os cristãos creem num Deus Uno e Trino, ou seja, um só Deus, mas em três Pessoas consubstancias e distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Mas o Pai não é o Filho nem o Filho é o Pai, nem o Pai e o Filho são o Espírito Santo. Os três conservam suas distinções em perfeitíssima unidade. A iniciação cristã dá-se nessa fé: "Façam que todas as nações se tornem discípulas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" ( Mt 28,19). Apesar dessa distinção das Pessoas, a natureza é uma só; elas estão em perfeita união. Por isso, Jesus afirmou: "Eu e o Pai somos um" (Jo 10,30). Ainda em outra passagem do Evangelho sobre a discussão do descanso no sábado diz: "Meu Pai vem trabalhando até agora, e eu também trabalho" (Jo 5,17). Isso significa que toda ação de Jesus está em íntima unidade de vontade do Pai e do Espírito Santo.

A Santíssima Trindade encerra em si um mistério. Portanto, a razão compreende, mas não esgota a explicação. 

A diferença das Pessoas é acolhida perfeitamente em Deus. Mas não fica só no seio da divindade, se reflete em toda sua obra de criação. Poder-se- ia ter apenas uma espécie animal, porém o que se observa ( ou até se desconhece) é uma infinidades de espécies. A mesma diversidade se verifica na flora, com suas diversas plantas e florestas. As riquezas das diferenças culturais, religiosas ( sim, religiosas!) e humanas são o espelho da ação do Deus Uno e Trino. Nele, diversidade e unidade estão em perfeita consonância, sem atrito, em harmonia, portanto. 

Deus não "cabe" em si mesmo e se transborda em uma comunidade perfeita, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As diferenças das Pessoas são abarcadas e harmonizadas pela essência de Deus, que é o Amor-ágape. O escritor da Primeira Carta de João percebeu isso ao definir: "Deus é amor" (IJo 4,8). Jesus apresenta o amor como um novo mandamento ao seu seguimento: "Eu dou a vocês um mandamento novo: Amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês" (Jo 13,34). Ainda foi mais enfático: " Se vocês tiverem amor uns aos outros, todos vão reconhecer que vocês são meus discípulos" (Jo 13,35). Então, o problema não são diferenças, mas amar.

A diferença é própria do Criador e sua obra reflete essa riqueza, como já foi sinalizado. Não importa se você é homem, mulher, gay, branco, negro, americano, africano, oceânico ou asiático, muito menos candomblecista, ateu, evangélico, católico, o desafio não são as diferenças, mas a capacidade de amar. A criação foi feita diversa, é diversa e continuará sendo diversa, mas o desafio é amar. Ser diferente, portanto, é próprio das criaturas de Deus, amar as coloca na dimensão de filho de Deus, partícipe de sua divindade. 

As guerras, as violências de toda espécie , as discriminações e os preconceitos não são produto das diferenças, mas da ruptura, da desconexão com Deus, que "é amor", e chamou à existência o ser humano para amar. As mazelas existentes denunciam que amar não é vivido como Jesus ensinou. O amor derruba as diferenças, cria pontes e coloca na dimensão do conhecimento de Deus. "Todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus" (IJo 4,7).

Um comentário:

  1. Quem me dera ao menos uma vez
    Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três

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