Assistir à aceleração de contaminados pelo coronavírus já deixa qualquer um em alerta. Saber que pessoas estão indo a óbito todos os dias por meio dos noticiários aumenta a sensação de angústia e medo. Ainda assim, tudo é sentido "a distância".
Mas essas sensações ficam mais intensas quando os adoecidos ou mortos são de "perto", parentes, amigos ou colegas. Os agentes de combate às endemias (ACEs) e agentes comunitários de saúde (ACSs) da capital baiana sabem muito bem disso.
Já são alguns servidores com Covid-19 e três mortos pela doença. Diante dessa situação,"nos sentimos impotentes", lamentou emocionado Enádio Careca, presidente da Associação dos Agentes Comunitários e de Endemias de Salvador (Aaces). Os diretores dessa entidade Cléber Bispo e sua esposa, Ana Lice, também foram infectados, estão com sintomas bem leves e seguem em quarentena em casa.
Nos grupos das redes sociais, os agentes expõem medo, apreensão e muita angústia diante do avanço do coronavírus na categoria. As emoções andam à flor da pele e não são poucos os que deixam aflorá-las com choros; o pânico é outro visitante que não quer ir embora da vida de muitos trabalhadores. A possibilidade de contaminação está abalando seriamente a saúde mental dos ACEs e ACSs.
São reações completamente compreensíveis perante a iminência de ataque de um inimigo invisível. Neste momento, a arma que deve ser usada e abusada são os cuidados recomendados pelos especialistas. Além disso, a solidariedade, o conforto do ombro amigo, a esperança e a fé são aliados indispensáveis nesta dura luta, mas que vai passar.