Livrar-se de um preconceito não é uma tarefa das mais fáceis, sobretudo se o imbróglio envolve religião; nesse caso, as religiões de matriz africana.
Desde a época da colonização, quando os negros e as negras foram trazidos ao Brasil como pessoas escravizadas, que o tratamento dispensado a esse povo era de total desrespeito. Eram vendidos nos comércios como objetos , sua cultura desprezada... A dança era tachada de imoralidade , assim como a capoeira, arte de malandro, de vagabundo. O culto às suas divindades, uma verdadeira liturgia aos demônios. Infelizmente, essas ideias "demoníacas" romperam séculos e estão presentes em discriminações sutis, mas muito eficazes contra os negros e as negras, quer na desigualdade de salário e funções no mercado de trabalho, quer contra sua cultura, especialmente a religião.
Um caso emblemático foi a recomendação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP - BA) à Prefeitura de Salvador para que retirasse ou complementasse com o nome "Festa de Iemanjá" a peça publicitária que dizia "2 de Fevereiro" em referência a uma das maiores festas das religiões de matriz africana na Bahia, que ocorre neste sábado, no Rio Vermelho.
À primeira vista, deixar de estampar no material publicitário o nome do orixá Iemanjá pode passar despercebido, mas pode também revelar um preconceito com a divindade do candomblé, um desrespeito contra a cultura religiosa dos negros e das negras. Foi justamente isso que as pessoas, nas redes sociais, captaram e fizeram uma enxurrada de críticas contra a prefeitura, razão pela qual o MP - BA se manifestou.
Trata-se de uma manifestação do inconsciente coletivo que perpetua nas mais variadas gerações todos malefícios e atrocidades que os africanos sofreram no Brasil durante a colonização. Os preconceitos apenas se travestem, assumem formas diferentes, porém a ideologia é a mesma: subjulgar, menosprezar e demonizar a cultura dos negros e das negras.
Odoiá.
Odoiá.
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