sexta-feira, 10 de abril de 2020

O sistema político-religioso opressor mata Jesus, mas não diz a última palavra






O sistema político-religioso opressor e injusto não suportou a mensagem de Jesus, por isso o matou. A pregação e prática do Mestre em favor dos pobres e marginalizados descredibilizava a religião do Templo, que era focada na doutrina e nos preceitos. O Filho de Maria, no entanto, anunciava o Reino de Deus centrado no amor, perdão, compaixão e misericórdia para com todos. Dessa forma, estava cavando a própria cova. 

As curas realizadas durante o descanso sabático e o seu ensinamento que desalienava o povo da escravidão propagada pela ideologia da sinagoga selaram sua morte. "Os fariseus começaram a consultar os herodianos sobre Jesus para encontrarem algum modo de matá-lo" ( Mc 3,6). 

Ir contra um sistema que quer manter o povo cativo e massificado é cutucar onça com vara curta. O sistema injusto não perdoa porque não quer perder seus privilégios nem ver seu poder ameaçado. Sua ação tem como consequência a exploração das classes menos favorecidas e lhes proporcionar uma existência sub-humana. 

Apesar disso, Jesus mantém-se firme na sua missão de anunciar uma nova forma de organizar a sociedade nos moldes da vontade de seu Pai. O amor está na base dela, reconhecendo Deus como Pai de todos e a humanidade como uma grande família, nova civilização onde todos são irmãos, se perdoam, se solidarizam e mantêm a esperança como viva chama. 

Mas o egoísmo humano, institucionalizado no apego irracional à doutrina religiosa e ao medo de perder o poder político, sentencia: "Crucifique! Crucifique!" (Jo 19,6). Jesus, dessa forma, foi condenado à pena de morte de cruz, morre como bandido entre bandidos. Seu sonho de implantar definitivamente o Reino de Deus não se realiza. O sentimento é de frustração total. 

A paixão de Jesus continua no sofrimento dos negros, nas pessoas em situação de rua, nos discriminados pela orientação sexual, nos pobres das favelas, nos doentes desassistidos e na vida de todos aqueles vítimas de políticas publicas que procuram favorecer o mercado e seus representantes em detrimento da vida do povo. Os sinais de mortes, portanto, estão por todos os lados, inclusive no nosso interior. 

Mas a morte não segurou Jesus no sepulcro: "Vocês procuram Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ressuscitou. Não está aqui" ( Mc 16,6). O sistema de morte não deu a última palavra (colocou empecilho), no entanto foi vencido. Por isso, São Paulo cita: "A morte foi afogada na vitória. Ó morte, onde está sua vitória?" (ICor 15,55). Tata-se da maior profissão de fé cristã.


Portanto, celebrar a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus é se sentir reanimado pela esperança de que a injustiça, a morte e todos males que acometem a humanidade não dirão a última palavra. Se por lado experimentamos os sinais de mortes no nosso interior e na ações humanas, pela ressurreição de Jesus, experimentamos, por acreditarmos no Ressuscitado, a vida brotar em nós e nas nossas ações. O desafio é continuar acreditando nisso.


Boa Páscoa para você!





















































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