Etimologicamente, a palavra idiota vem do grego e significa quem não participa da vida pública, da cidade , que fica debruçado sobre si mesmo, ou seja, poderíamos dizer, um egoísta. O idiota é adepto do salve-se quem puder. Tem aversão à vida da comunidade, não participando dos problemas nem das possíveis resoluções para as dificuldades enfrentadas pelo coletivo. É um outro Narciso, que, contemplando a própria "beleza" e "ideias", termina se afogando nas águas da sua arrogância e pretensão. Sendo assim, o idiota não constrói pontes nem laços afetivos verdadeiros; ao contemplar o seu próprio umbigo, fica desconfiado de tudo que não seja ele mesmo ou não represente suas ideias. A escatologia defendida por ele é a própria solidão, seu fim é ficar só.
Em lado diametralmente oposto está o político, que também é uma palavra de origem grega e significa aquele que participa da cidade. O melhor verbo que define o político é o participar. Ele participa da vida da comunidade, assumindo-se como parte dos problemas e das soluções vivenciadas pela vida comunitária. Seu olhar não fica preso sobre si mesmo, mas, e sobretudo, sobre o coletivo. Está comprometido em criar laços fraternos, humanos e compassivos, capazes de construir uma vida comunitária comprometida com a justiça social, com a dignidade do ser humano. Mesmo limitado pelo momento sócio-histórico em que vive, sua ação sempre aponta para a superação dos obstáculos sociais e históricos.
Jesus foi o maior político no sentido de participador da cidade. Foi um líder popular que não teve medo de enfrentar e denunciar os problemas enfrentados pelo seu povo. A vida, para ele, deveria estar no centro das discussões, e todo sentido do existir da moral e da lei era para promovê-la, nunca para extingui-la ou condená-la. Por isso, diante do preceito sagrado de guardar o sábado, dizia: "O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado. O que é permitido no sábado? Fazer o bem ou o mal? Salvar a vida ou matar?" (Mc 2,27.3,4). Pode-se afirmar que o político é aquele que se coloca a serviço do próximo, promovendo sua vida; uma vida que começa no individual, mas que contempla sua realização plena na coletividade.
A política partidária, ou seja, participar desse ou daquele partido é apenas uma possibilidade de encarnar o ser político. Desse processo o idiota não participa, senão para tirar proveito meramente egoísta, sem se preocupar com o coletivo. A experiência que se vivencia aponta que há muitos políticos idiotas, razão por que a corrupção graceja entre nós.
Esses obstáculos existiram e sempre existirão na vida em sociedade. Mas não eximem o homem e a mulher de assumirem uma posição: idiota ou político?
Ubiraci Moraes é licenciado em Letras e Pedagogia e pós-graduado em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura.
Show de bola!!!
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