As
chacinas nos presídios de Manaus e Boa vista revelam o descaso com o qual os
políticos do Brasil tratam o sistema prisional do país.
Por Ubiraci Moraes
É
sabido que a maioria absoluta deles não apresenta as mínimas condições para
comportar os condenados ou aqueles que aguardam por julgamento. Os telejornais
invadem os lares denunciando corriqueiramente as superlotações e o tratamento
desumano presentes no sistema prisional brasileiro.
O
massacre ocorrido em Manaus, que, por guerra entre facções, resultou na morte
de cerca de 56 prisioneiros, e mais recentemente a tragédia se repetiu em Boa
Vista, com a morte de 33 presos. Trata-se de uma situação prevista, denunciada,
mas ignorada por quem deveria fazer a
devida intervenção.
Esse
descaso revela que os políticos não acreditam na ressocialização ou recuperação
das pessoas (preto, pobre e favelado) que cometem crimes. Para eles, bandido
deve ser eliminado e morto. Essa assertiva só não vale para os criminosos
afortunados, de toga, que ocupam um assento no Congresso Nacional ou cargo de
prefeito, governador e presidente. A esses beneficiados, acrescentam-se também
os seus apadrinhados. Mesmo quando são visgados, os recursos são tantos, que
suas prisões só servem para exacerbar a desumanidade dispensada aos outros
criminosos que não gozam dessas benesses.
Dessa
forma, não se deve escandalizar com os discursos do presidente Michel Temer quando
afirma que a tragédia nos presídios trata-se apenas de “acidente pavoroso”, e
do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio, ao desejar mais massacres nos
presídios brasileiros: “Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina
por semana", afirmou. Ouvir isso de
um homem público é uma lástima.
Ou
seja, o sistema prisional do país está estruturado
para produzir isso. Toda essa
repercussão midiática apenas serve para desfazer a visão romântica ( que persiste em alguns) de que os presídios
ressocializam e tratam com dignidade os que ali entram para se pós-graduar em
criminalidade.
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