sábado, 7 de janeiro de 2017

As chacinas em Manaus e Boa Vista é fruto do descaso político



As chacinas nos presídios de Manaus e Boa vista revelam o descaso com o qual os políticos do Brasil tratam o sistema prisional do país.
Por Ubiraci Moraes

Detentos em cela de prisão no nordeste do Brasil (foto: Pastoral Carcerária)
 
É sabido que a maioria absoluta deles não apresenta as mínimas condições para comportar os condenados ou aqueles que aguardam por julgamento. Os telejornais invadem os lares denunciando corriqueiramente as superlotações e o tratamento desumano presentes no sistema prisional brasileiro.

O massacre ocorrido em Manaus, que, por guerra entre facções, resultou na morte de cerca de 56 prisioneiros, e mais recentemente a tragédia se repetiu em Boa Vista, com a morte de 33 presos. Trata-se de uma situação prevista, denunciada, mas ignorada  por quem deveria fazer a devida intervenção.

Esse descaso revela que os políticos não acreditam na ressocialização ou recuperação das pessoas (preto, pobre e favelado) que cometem crimes. Para eles, bandido deve ser eliminado e morto. Essa assertiva só não vale para os criminosos afortunados, de toga, que ocupam um assento no Congresso Nacional ou cargo de prefeito, governador e presidente. A esses beneficiados, acrescentam-se também os seus apadrinhados. Mesmo quando são visgados, os recursos são tantos, que suas prisões só servem para exacerbar a desumanidade dispensada aos outros criminosos que não gozam dessas benesses.

Dessa forma, não se deve escandalizar com os discursos do presidente Michel Temer quando afirma que a tragédia nos presídios trata-se apenas de “acidente pavoroso”, e do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio, ao desejar mais massacres nos presídios brasileiros: “Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana", afirmou. Ouvir isso de um homem público é uma lástima.

Ou seja, o sistema prisional do país  está estruturado para produzir isso.  Toda essa repercussão midiática apenas serve para  desfazer a visão romântica ( que persiste em alguns) de que os presídios ressocializam e tratam com dignidade os que ali entram para se pós-graduar em criminalidade.

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