Reverenciar Iemanjá hoje é manter-se fiel à ancestralidade religiosa dos negros e negras, que tanto contribuíram para o desenvolvimento do Brasil.
O sagrado é dimensão importantíssima em qualquer civilização. Antropologicamente falando, não há povo sem o sagrado, aliás, o ateísmo é invenção da Modernidade. O panteão africano, portanto, deve ser respeitado , valorizado e incentivado; qualquer forma de discriminação precisa ser rechaçada.
O candomblé é , antes de tudo, a religião dos negros; uma religião como outra qualquer, à sua maneira, compreendeu e expressou o sagrado da mesma forma que o hinduísmo, judaísmo e cristianismo. Hoje, dia 2 de fevereiro, os candomblecistas celebram Iemanjá, aqui reverenciada como Rainha do Mar.
Deus não tem religião, mas a religião tem Deus. Por isso, o desrespeito, a discriminação, as guerras religiosas e o fundamentalismo religioso não vêm da divindade, mas de quem diz reverenciar o divino. A discriminação sofrida pelo candomblé é resultado da patologia de segmentos religiosos que atualizam as mazelas infligidas aos negros e negras. Diuturnamente, precisam ser combatidas por questão moral, humana , legal e divina.
Os negros e as negras deram (ão) contribuição inestimável à formação do povo brasileiro: a culinária, o vocabulário, as construções, as danças, as artes, a religião, ou seja, a nossa cultura é expressão disso.
Celebrar Iemanjá, dessa forma, é reconhecer nossa raiz e ancestralidade e afirmar que o candomblé é sinal de resistência a toda forma de opressão e de combate à segregação.
Odoiá.
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