Por Ubiraci Moraes
A Festa da Páscoa é um evento que envolve a mais importante figura humana que já pisou neste
planeta: Jesus Cristo. Ele mesmo é nossa Páscoa. São Paulo professa: "Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado" (1Cor 5,7). Ou seja, ele é a razão mesma dessa importante celebração.
A palavra páscoa significa "passagem" e remete-se ao Êxodo (saída) dos hebreus do Egito. A situação do povo era de exploração, escravidão e havia muito anseio por libertação. "Javé disse: Estou vendo muito bem a aflição do meu povo que está no Egito. Ouvir seu clamor diante de seus opressores, pois tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para para libertá-lo do poder dos egípcios" ( Ex 3,7-8). Podemos afirmar, então, que a Páscoa é o anseio por vida, por liberdade, é luta contra a escravidão e toda espécie de domínio. É nessa perspectiva que a Páscoa que celebramos deve ser compreendida.
À época de Jesus, o povo vivia sobre o domínio do Império Romano, era explorado e pagava altos impostos. Houve várias tentativas de libertá-lo do jugo romano, mas todas malograram. É nesse contexto que Jesus nasce, cresce e é educado. A sua pregação procurou dar resposta a esses problemas. O Evangelho de São Lucas nos diz no que consistia a ação do Mestre: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a Boa Notícia aos pobres.. Enviou-me para anunciar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, para dar liberdade aos oprimidos, e para anunciar o ano da graça do Senhor" ( Lc 4, 18-19).
Mas seu projeto encontrou fortes resistências da aristocracia religiosa. Os líderes não toleravam a interpretação liberal que Jesus fazia dos preceitos bíblicos. Para ele, a lei só tinha sentido se promovesse a vida, não ficava preso à interpretação legalista dos fariseus."É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou matar?" (Mc 3,4), questionava quando tinha suas atividades contestadas. Não demorou muito para que as forças religiosas e políticas se unissem para assassiná-lo. "Os fariseus começaram a consultar os herodianos sobre Jesus, para encontrarem algum modo de matá-lo" (Mc 3,6). Desse modo, Jesus foi vítima de uma trama político-religiosa que o condenou à pena ignominiosa de morte na cruz. Ou seja, o sistema o eliminou. Ele foi assassinado pela classe dominante como subversivo, agitador da ordem e herege.
Mas a morte não o deteve, foi vencida por ele. " Não se assustem. Vocês procuram Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ressuscitou" ( Mc 16,6). E São Paulo celebra: "A morte foi afogada na vitória" (I Cor 15,54). Portanto, celebrar a Páscoa é reconhecer que Jesus venceu a morte, ela não dará mais a última palavra sobre o homem e a mulher.
Concretamente, ter fé em Jesus morto e ressuscitado é compreender que sua força de vida pulsa no nosso coração. Por isso mesmo, não devemos nos deter diante dos sinais de mortes que nos circundam. O sistema perverso, injusto e homicida impõe seu vigor na tentativa de nos intimidar, no entanto está fadado à destruição, seu vigor é efêmero. Celebrando a Páscoa do Senhor, busquemos força e coragem para enfrentar e denunciar o extermínio dos jovens negros na periferia, para denunciar e combater toda espécie de violência contra a mulher e a comunidade LGBT. O espírito pascal nos impulsiona a repelir a intolerância religiosa e a proteger e defender a vida das crianças, dos adolescentes e idosos e preservar a nossa Casa, o planeta Terra. Feliz Páscoa para você!
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